Histórico

Histórico

Em 1996, o Projeto de Desenvolvimento Sustentável da Quarta Colônia – PRODESUS QUARTA COLÔNIA, foi classificado, pela Comissão de Avaliação da FEPAM, e remetido ao Ministério do Meio Ambiente – MMA e deste a Câmara dos Deputados, ao Senado e a Assinatura do Presidente da República. Durante este processo seguíamos trabalhando na criação de um instrumento legal que desse poder e uma participação orgânica dos Prefeitos Municipais na gestão do projeto. Nesta busca, dialogando com a Engª. Florestal Silva Pagel e a Geógrafa Izabel Chiapetti, ambas da FEPAM, elas nos deram uma cópia do estatuto do Consórcio do Rio Camaquã – RS. Sobre este documento passei a trabalhar no estatuto e o submeti aos prefeitos integrantes do Projeto.

No dia 05 de agosto de 1996, de acordo a Ata 001 da Assembleia Geral da Fundação, Eleição e Posse do Presidente e do Vice-Presidente do Conselho de Prefeitos do CONSÓRCIO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA QUARTA COLÔNIA – CONDESUS QUARTA COLÔNIA, esse instrumento instituiu o Conselho de Prefeitos e deu poder para, entre os quais, a cada dois anos, sejam eleitos o presidente, o vice-presidente e os membros do Conselho de Administração.

O CONDESUS QUARTA COLÔNIA, entidade então de direito privado, hoje pública, mantido, de forma paritária, com recursos dos municípios membros, tem como objeto integrar e horizontalizar as relações intermunicipais. Instrumento que, processualmente, tem como objeto construir um olhar capaz de ver os seus integrantes, individualmente e no seu conjunto, como Quarta Colônia. Processo que compromete a cada Prefeito Conselheiro, não somente ocupar-se dos interesses locais como da região, com o desenvolvimento da Quarta Colônia.

O PRODESUS, ademais dos investimentos previstos no     PRODESUS, tinha como meta principal, através destas ações e investimentos, criar um ambiente de fortalecimento da Quarta Colônia. Relação que, antes de tudo, é crítica e, para tal, foi necessário criar espaços de trocas entre os pares para refletir e planejar o desenvolvimento regional. Durante este processo, o CONDESUS, tornou-se o local onde o presente do indicativo passou a dialogar com o passado para projetar um futuro comum e sustentável.

Processo que desafiou e desafia o olhar e que não pode encerrar-se no estreito espaço/tempo dos mandados municipais, muito ao contrário, ele tem a obrigação de conjugar, associar e, fundamentalmente, preservar e/ou resgatar, sob novos olhares, o que temos de próprio (endógeno) para, sobre ele projetar o nosso futuro comum com sustentabilidade. Nesta caminha, em base a estudos técnicos e científicos, passamos a fazer uma revisão critica tanto dos nossos limites como das nossas potencialidades e, neste processo, identificar elementos naturais e culturais que, associados ao saber fazer das culturas tradicionais, projetar o futuro da Quarta Colônia.

As mudanças climáticas, queiramos ou não é uma realidade e “dada a dramaticidade do desafio”, ela nos apontam redução da nossa capacidade hídrica, consequentemente menor produção agrícola e problemas sérios de energia. Ao mesmo tempo culturas, da região central e nordeste, irão migrar para a região sul decorrente do aquecimento global. As condições ambientais, solo, recursos hídricos e a insolação faz da Quarta Colônia uma região singular, em especial em culturas como a do arroz irrigado que necessita de água e de muito sol. Conservar as nossas encostas, seja para a preservação da sua biodiversidade, contenção das encostas e a produção e a preservação de água, tanto para consumo humano como para a agricultura.

Ao mesmo tempo, devido às condições ambientais e fundiárias, essas micros e pequenas propriedades tem potencialidade para transitar do sistema tradicional para a agricultura orgânica. Produção limpa que, associada ao saber fazer, é capaz de agregar ao produto certificações de origem, de qualidade tanto culturais como ambientais. Tudo isto de forma cooperativa da preparação do solo, plantio, colheita, armazenamento, estocagem, industrialização e a comercialização de produtos orgânicos certificados.

Mas isto não é suficiente, é necessário ir mais fundo, nas raízes culturais para, sobre as elas, identificar vestígios da presença de culturas primitivas, do homem pré-histórico, de incisões em rochas, sítios arqueológicos, materiais lítico, cerâmico, … Da nossa região foram retiradas toneladas de material arqueológico das culturas primitivas que habitaram os campos do Planalto, encostas e vales da serra, das várzeas e dos Campos da Depressão Central, patrimônio que necessitamos integrar ao acervo cultural e científico da Quarta Colônia.

Mas podemos e devemos ir mais fundo e apreender a ler e a valorizar o que preservam as rochas sedimentares que afloram na região: “… região da Quarta Colônia compõe uma parte do registro sedimentar da Bacia do Chaco-Paraná e nela (…) se manifesta o pacote sedimentar Triássico que engloba pelo menos cinco distintas associações fossilíferas faunísticas, denominadas, da mais basal para a mais superior (Schultz, et al., 2000; Schultz & Langer, 2007)Fauna da Formação Sanga do Cabral (Triássico Inferior), caracterizada pela presença de procolofonideos (Procolofhon) anfíbios temnospôndilos:

  • Cenozona de Therapsida (Triássico Médio – Formação Santa Maria), dominada por dicinodontes(Dinodontossaurus) e cinodontes (Massetognathus);
  • Biozona de Traversodontídios (Triássico Médio;
  • Formação Santa Maria, caracterizada pela presença quase exclusiva de cinodontes traWersodontídeos;
  • Cenozona de Rhyncosauria (Triássico Superior);
  • Formação Santa Maria, apresentando uma total ausência de dicinodontes e uma expressiva dominância de rincossaurus (Hyperodapedon), junto com as primeiras ocorrências de dinossauros basais;
  • Cenozona de Mammaliamorpha (= Cenozona de Ictidosauria, Triássico Superior – Formação Santa Maria, marcada por fauna dominada por microvertebrados, especialmente cinodontes “ictidosáurios”, como Riograndia, Irajatherium, Brasilidon e Brasilitherium. Em termos florísticos, Sommer et al. (2002) identificaram como floras triássicas; 
  • Flora Dicroidium e a Flora Araucarioxylon, com base nos registros fósseis”. (Estudo demandado pelo CONDESUS ao Ministério de Minas e Energia e desenvolvido, com recursos do PAC, pelo CPRM – Serviço Geológico do Brasil – 2009 – www.cprm.gov.br).

Como diz o arqueólogo, Arno Kern, a Depressão Central é uma “região de encontros” de culturas e assim tem sido do pleistoceno aos dias de hoje. Processo de trocas interculturais que não cessou. O nosso presente carrega todo este passado, que muito nos enriquece e, para que tenhamos futuro, antes de tudo, necessitamos rever o nosso olhar para que tenhamos um futuro com qualidade de vida sobre bases endógenas e sustentáveis.

José Itaqui
Secretário Executivo
CONDESUS QUARTA COLÔNIA